"As dúvidas, em matéria de religião, longe de serem actos de
impiedade, devem serem antes vistas como boas obras, porquanto nascem de um homem que reconhece humildemente a sua ignorância,
e do medo dele desagradar a Deus pelo abuso da razão”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 1)
“Admitir
qualquer conformidade entre a razão do homem e a razão eterna, que é Deus, e pretender depois disso que Deus exige o sacrifício
da razão humana, é estabelecer que Deus quer e não quer de uma só vez”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 2)
“Perdido
numa floresta imensa durante a noite, não tenho senão uma pequena vela para me conduzir no meio das trevas. Aparece-me então
um desconhecido que me diz: «Meu amigo, sopra a tua vela para melhor encontrares o teu caminho». Esse desconhecido é um teólogo”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 8)
“Se a minha razão vem do alto, é a voz
do Céu que me fala por ela. Então, devo
escutá-la”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 9)
"O autor da natureza, que não me recompensará por ter sido um homem de espírito, também não me condenará por ter sido
um idiota”
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 11)
"E ele não te condenará também por teres sido mau. Como condenar? Não foste tu já suficientemente infeliz por teres
sido mau?”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 12)
“O deus dos cristãos é um pai que faz grande caso das suas maçãs, e pouco caso dos seus filhos”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 16)
"Uma religião verdadeira, interessando a todos os homens em todos os tempos e em todos os lugares, deverá ser eterna,
universal e encerrando toda a evidência. Nenhuma religião possui essas três características; todas são, portanto, três vezes
falsas por demonstração”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 18)
"Os factos em que se apoiam as religiões são antigos e maravilhosos, ou seja, são o mais suspeitos possível, para provarem
as coisas mais inacreditáveis”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 20)
"Porque é que os milagres de Jesus Cristo são verdadeiros; e os de Esculápio, Apolónio de Tiana e Maomé são falsos?”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 24)
“A religião de Jesus Cristo, anunciada por ignorantes, originou os primeiros cristãos. A mesma religião, pregada
hoje por sábios e doutores, só causa incredulidade”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 31)
"Foi dito por São Lucas, que Deus pai é maior do que Deus filho: pater major
me est. Apesar disso, e desprezando uma passagem tão clara e precisa, a igreja pronuncia anátemas aos fiéis escrupulosos
atém literalmente às palavras do testamento do seu pai”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 34)
"O homem é como Deus ou a natureza o fizeram; e Deus ou a natureza não fazem nada de errado”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 42)
"É uma impudência sem comparação, o citar a conformidade com a palavra dos evangelistas, quando são mencionados em
alguns evangelistas alguns factos muito importantes sobre os quais não existe uma palavra sequer nos restantes”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 45)
"Platão considerou a divindade sobre três aspectos: a bondade, a sabedoria e o poder. É preciso ter os olhos fechados
para não reconhecer aí a trindade dos cristãos. Há perto de três mil anos, o filósofo de Atenas deu o nome de Logos ao que hoje chamamos Verbo”
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 45)
“As pessoas divinas são, ou três acidentes, ou três substâncias. Se são três acidentes, nós somos ateus ou deístas.
Se são três substâncias, nós somos pagãos”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 46)
“Deus pai julga os homens dignos da sua vingança eterna; Deus filho julga-os dignos da sua misericórdia infinita;
o Espírito Santo permanece neutro. Como conciliar esta verborreia católica com a unidade da vontade divina?”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 47)
"Pascal disse : «Se a vossa religião é falsa, vocês não põe nada em risco em crê-la verdadeira; mas se ela é verdadeira,
vocês arriscam tudo em crê-la falsa». Um Iman muçulmano poderia dizer as mesmas palavras que Pascal”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 59)
"Existiram, nos primeiros séculos da nossa Era, sessenta Evangelhos, nos quais se acreditava de forma praticamente
igual. Foram rejeitados cinquenta e seis Evangelhos devido à infantilidade e inépcia que continham. Não existe nada disso
naqueles que se conservaram?”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 64)
"Existem tantas espécies de fé, como de religiões no mundo”.
(Diderot, «Addition aux “Pensées philosophiques”», 66)
"Apodrecer sob o mármore, ou apodrecer sob a terra, é sempre apodrecer”.
(Diderot,
“O Sobrinho de Rameau”)
“Quanto mais antigas são as instituições, mais idiotismos comportam. Quanto mais os tempos são os adversos, mais
esses idiotismos se multiplicam”.
(Diderot,
“O Sobrinho de Rameau”)
“Engolimos com a garganta cheia, uma mensagem que nos lisonjeia; e bebemos gota a gota, uma verdade que nos é
marga”.
(Diderot, “O Sobrinho de Rameau”)
“Não sei o que sejam os princípios, senão, regras que prescrevemos aos outros para eles mesmos”.
(Diderot,
“Jacques, o Fatalista, e o Seu Mestre”)
“Não existem senão mulheres que sabem amar, e homens que nada sabem disso”.
(Diderot,
“Jacques, o Fatalista, e o Seu Mestre”)
“Sabes tu o que são os maus pais? São os que se esquecerem das faltas da sua juventude”.
(Diderot,
“Jacques, o Fatalista, e o Seu Mestre”)